Reforma Ortográfica
Não
é de hoje que os integrantes da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP) pensam em unificar as ortografias do nosso idioma.
Desde o início do século XX, busca-se estabelecer um modelo de
ortografia que possa ser usado como referência nas publicações oficiais
e no ensino. No quadro a seguir tem-se, resumidamente, as principais
tentativas de unificação ortográfica já ocorridas entre os países
lusófonos. No Brasil, note que já houve duas reformas ortográficas: em
1943 e 1971. Assim, um brasileiro com mais de 65 anos está prestes a
passar pela terceira reforma. Em Portugal, a última reforma aconteceu
em 1945.
Nova Reforma Ortográfica - Aspectos Positivos
O
Novo Acordo Ortográfico, em vigor desde janeiro de 2009, gera polêmica
entre gramáticos, escritores e professores de Língua Portuguesa.
Segundo o Ministério de Educação, a medida deve facilitar o processo de
intercâmbio cultural e científico entre os países que falam Português e
ampliar a divulgação do idioma e da literatura portuguesa. Dentre os aspectos positivos apontados pela nova reforma ortográfica, destacam-se ainda:
- redução dos custos de produção e adaptação de livros;
- facilitação na aprendizagem da língua pelos estrangeiros;
- simplificação de algumas regras ortográficas.
Nova Reforma Ortográfica - Aspectos Negativos
- Todos que já possuem interiorizadas as normas gramaticais, terão de aprender as novas regras;
- Surgimento de dúvidas;
- Adaptação de documentos e publicações.
Período de Adaptação
Mesmo
entrando em vigor em janeiro de 2009, os falantes do idioma terão até
dezembro de 2012 para se adaptarem à nova escrita. Nesse período, as
duas normas ortográficas poderão ser usadas e aceitas como corretas nos
exames escolares, vestibulares, concursos públicos e demais meios
escritos. Em Portugal, cerca de 1,6% das palavras serão alteradas. No
Brasil, apenas 0,5%.
Atualização dos Livros Didáticos
De
acordo com o MEC, a partir de 2010 os alunos de 1º a 5º ano do Ensino
Fundamental receberão os livros dentro da nova norma - o que deve
ocorrer com as turmas de 6º a 9º ano e de Ensino Médio,
respectivamente, em 2011 e 2012.
Reforma na Escrita
Por fim, é importante destacar que a proposta do acordo é meramente ortográfica.
Assim, restringe-se à língua escrita, não afetando aspectos da língua
falada. Além disso, a reforma não eliminará todas as diferenças
ortográficas existentes entre o português brasileiro e o europeu.
1 - ACENTO AGUDO
O acento agudo desaparecerá em três casos:
a) Nos ditongos (encontros de duas vogais proferidas em uma só sílaba) abertos ei e oi das palavras paroxítonas (aquelas cuja sílaba pronunciada com mais intensidade é a penúltima).
Exemplos:
idéia
-> ideia
|
geléia -> geleia |
bóia -> boia
|
jibóia -> jiboia |
Atenção: se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em posição final (ou
seguidos de s), o acento permanece.
Exemplos: tuiuiú, Piauí.
seguidos de s), o acento permanece.
Exemplos: tuiuiú, Piauí.
2 - ACENTO DIFERENCIAL
O
acento diferencial é utilizado para auxiliar na identificação de
palavras homófonas (que possuem a mesma pronúncia). Com o acordo
ortográfico, ele deixará de existir nos seguintes casos: pára/para,
péla(s)/pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera. Observe
os exemplos:
Ela não pára de dançar.
Ela não para de dançar.
|
A mãe péla o bebê para dar-lhe banho.
A mãe pela o bebê para dar-lhe banho.
|
Este é o pólo norte.
Este é o polo norte.
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Os garotos gostam de jogar pólo.
Os garotos gostam de jogar polo.
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Meu gato tem pêlos brancos.
Meu gato tem pelos brancos.
|
A menina trouxe pêra de lanche.
A menina trouxe pera de lanche.
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Atenção: existem duas palavras que continuarão recebendo acento diferencial:
pôr (verbo) -> para não ser confundido com a preposição por.
|
pôde (verbo poder conjugado no passado) -> para que não seja confundido com pode (forma conjugada no presente).
|
3 - ACENTO CIRCUNFLEXO
O acento circunflexo deixará de ser utilizado nos seguintes casos:
a) Em palavras com terminação ôo. Veja:
enjôo -> enjoo |
vôo -> voo |
magôo -> magoo |
b) Nas terminações êem, que ocorrem nas formas conjugadas da terceira pessoa do plural dos verbos ler, dar, ver, crer e seus derivados. Veja o exemplo abaixo:
Eles lêem. -> Eles leem. |
Mais exemplos: creem, deem, veem, descreem, releem, reveem.
Atenção: os verbos ter e vir (e seus derivados) continuam sendo acentuados na terceira pessoa do plural.
4 - TREMA
O trema, sinal gráfico utilizado sobre a letra u dos grupos que, qui, gue, gui, deixa de existir na língua portuguesa. Lembre-se, no entanto, que a pronúncia das palavras continua a mesma.
Exemplos:
cinqüenta-> cinquenta
|
pingüim -> pinguim
|
Atenção: o acordo prevê que o trema seja mantido apenas em nomes próprios de origem estrangeira, bem como em seus derivados.
Exemplos: Bündchen, Müller, mülleriano.
5 - ALFABETO
|
O alfabeto passará a ter 26 letras. Além das atuais, serão incorporadas oficialmente as letras k, w e y. Observe a posição das novas letras no alfabeto:
A B C D E F G H I
J K L M N O P Q R
S T U V W X Y Z
|
Essas letras poderão aparecer em siglas, símbolos, nomes próprios, palavras estrangeiras e seus derivados. Exemplos: km, playground, watt, Kafka, kafkiano, etc.
6 - HÍFEN
O hífen deixará de ser empregado nos seguintes casos:
a) Quando o prefixo terminar em vogal diferente da vogal que iniciar o segundo elemento.
Exemplos:
Estou lendo um livro de auto-ajuda. |
Ele passou na auto-escola! |
Mais exemplos: agroindustrial, autoafirmação,
autoaprendizagem, autoestrada, autoimagem, contraindicação,
contraoferta, extraoficial, infraestrutura, intraocular, intrauterino,
neoexpressionista, neoimperialista, semiaberto, semiárido,
semiautomático, supraocular, ultraelevado, etc.
b) Quando o prefixo da palavra terminar em vogal e o segundo elemento começar com as consoantes s ou r. Nesse caso, a consoante será duplicada.
Exemplos:
Meu namorado é ultra-romântico.
|
Comprei um creme anti-rugas.
Comprei um creme antirrugas.
|
Mais exemplos: antessala,
antirreligioso, antissemita, autorretrato, antissocial,
arquirromântico, autorregulamentação, contrarregra, contrassenso,
extrarregimento, extrasseco, infrassom, neorrealismo, ultrarresistente,
ultrassonografia, semirreta, suprarrenal.
c) Não se utilizará mais o hífen nas palavras que, pelo uso, perderam a noção de composição. Veja:
pára-quedas -> paraquedas
|
Mais exemplos: mandachuva, paraquedista.
Uso do Hífen
Com o novo acordo, o hífen passará a ser utilizado quando a palavra for formada por um prefixo terminado em vogal e a palavra seguinte iniciar pela mesma vogal. Observe o exemplo abaixo:
microônibus-> micro-ônibus
|
Mais exemplos: anti-ibérico,
anti-inflamatório, anti-inflacionário, anti-imperialista,
arqui-inimigo, contra-ataque, micro-ondas, semi-interno, etc.
Atenção: se o prefixo terminar com consoante, usa-se hífen se o segundo elemento começar com a mesma consoante.
Exemplos: hiper-requintado, inter-racial, super-resistente, super-romântico, etc.
Lembre-se: nos demais casos, não se usa o hífen.Exemplos: hipermercado, intermunicipal, superinteressante, superproteção.
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